Comitês de Bacia vão receber recursos para estruturar gestão das águas

Goiás é o mais novo estado a ter seu contrato de participação no Programa Nacional de Fortalecimento dos Comitês de Bacias Hidrográficas (Procomitês) formalizado. O documento está publicado no Diário Oficial da União do dia 14 de fevereiro. Esta iniciativa da Agência Nacional de Águas (ANA) prevê o repasse de até R$ 2,1 milhões para o fortalecimento de comitês de bacias hidrográficas goianas.
Participam os comitês das bacias dos seguintes cursos d’água: rio Meia Ponte; rio Vermelho; Baixo Paranaíba; rio Paranã; rio dos Bois; rio das Almas e afluentes goianos do rio Maranhão; e rios Corumbá, Veríssimo e a porção goiana do rio São Marcos.
Pela assinatura do contrato serão repassados R$ 350 mil para a Secretaria de Estado de Meio Ambiente, Recursos Hídricos, Infraestrutura, Cidades e Assuntos Metropolitanos (Secima). As demais cinco transferências de até R$ 350 mil cada serão realizadas em cinco ciclos anuais, sendo que o valor será proporcional ao cumprimento de metas definidas em contrato. A parceria entre a ANA e Goiás tem vigência até 30 de setembro de 2023, sendo que as metas definidas em contrato são pactuadas entre a Secima, o Conselho Estadual de Saneamento, Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Cesmarh/GO) e os sete comitês de bacias participantes.
Gerente de Planejamento e Apoio ao Sistema de Gestão de Recursos Hídricos da Secima, João Ricardo Raiser explica que o Procomitês é importante para o fomento e apoio dos sistemas estaduais de recursos hídricos de todo o país. “A alocação dos recursos está diretamente relacionada ao atingimento de metas dos comitês de bacias hidrográficas, que precisam evoluir no funcionamento, diretrizes dos instrumentos de gestão, partindo da instalação dos comitês até a elaboração dos planos de bacias, entre outros aspectos”, afirma.
Goiás participa com sete comitês, sendo cinco instalados e dois em processo de instalação. Os recursos serão repassados da ANA pra Secima, que atua como órgão gestor de recursos hídricos, para definir a aplicação desses recursos em conjunto com os comitês. É preciso ainda, diz João Ricardo, destacar a participação dos outros componentes do Sistema de Gestão de Recursos Hídricos, notadamente dos usuários e da sociedade. Esta é uma responsabilidade de todo o Sistema, formado pelo Conselho Estadual de Recursos Hídricos, Comitês de Bacia, a Secima, Usuários e a sociedade.
O objetivo final do Procomitês é que os comitês apresentem diretrizes para aplicação dos instrumentos de gestão, com a participação da sociedade e dos usuários. “Esta é a gestão descentralizada, participativa e integrada”, conclui.
Um dos grandes objetivos do PROCOMITÊS é promover a capacitação de membros dos comitês e conselhos de recursos hídricos para reduzir assimetrias de conhecimento e organização entre os diferentes setores e segmentos representados nos colegiados. Além disso, o Programa busca estimular ações de comunicação para que a sociedade reconheça os comitês de bacias e conselhos de recursos hídricos como capazes de exercer suas funções no Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos (SINGREH) e nos sistemas estaduais de recursos hídricos. Outro objetivo central é contribuir para implementação e efetividade dos instrumentos de gestão da água em prol da melhoria da qualidade e disponibilidade dos recursos hídricos.
O Programa Nacional de Fortalecimento dos Comitês de Bacias Hidrográficas também busca apoiar os colegiados do SINGREH no aperfeiçoamento da capacidade operacional dos comitês de bacias. Entre as 23 unidades da Federação com comitês elegíveis para o PROCOMITÊS, somente o Ceará e Minas Gerais não enviaram à ANA a documentação para participar.
Com a entrada em vigor do contrato de Goiás, o estado se junta a outros 12 que já possuem contrato com a Agência publicado no Diário Oficial da União, ou seja, com contrato formalmente em vigor. São eles: Amazonas, Espírito Santo, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Sergipe e Tocantins.
Segundo o regulamento do PROCOMITÊS, a adesão é voluntária e a Agência Nacional de Águas repassará recursos financeiros para as unidades da Federação que aderirem a partir do cumprimento de metas negociadas. No caso de Goiás, os recursos serão repassados para a SECIMA e deverão ser aplicados exclusivamente em ações voltadas ao fortalecimento dos comitês de bacias participantes do Programa. Os recursos desembolsados pela ANA têm caráter complementar aos valores que os estados devem aplicar para que as metas de fortalecimento dos comitês sejam cumpridas integralmente.
Para fins de cálculo financeiro, podem participar da iniciativa comitês de bacias estaduais que tenham sido criados até 4 de outubro de 2016 – no entanto, os benefícios do Programa podem alcançar comitês criados posteriormente. Como o Acre, Amapá, Pará e Roraima não tinham comitês criados até esta data, os estados não puderam participar do PROCOMITÊS. As ações de capacitação e comunicação oferecidas para os comitês também atenderão aos respectivos conselhos estaduais de recursos hídricos.
Comitês de bacias
Os comitês são organismos colegiados que fazem parte do Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos e estão previstos na Constituição Federal desde 1988. A sua composição diversificada e democrática contribui para que todos os setores da sociedade com interesse sobre a água na bacia tenham representação e poder de decisão sobre sua gestão. Assista à animação da ANA que explica os comitês.
Os membros dos comitês são escolhidos entre seus pares, sejam eles dos diversos setores usuários de água, das organizações da sociedade civil ou dos poderes públicos. As principais competências desses colegiados são: aprovar o plano de recursos hídricos da bacia; arbitrar conflitos pelo uso da água, em primeira instância administrativa; estabelecer mecanismos e sugerir os valores da cobrança pelo uso da água; entre outros. Atualmente há mais de 230 comitês de bacias em funcionamento no País.
 
Fonte: Secima